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O Equívoco da Internação

É um tremendo equívoco imaginar que a internação seja suficiente para a plena recuperação de pacientes dependentes químicos. Devemos ver a internação apenas como a primeira etapa de um processo. Na internação é feita a desintoxicação e a contenção da compulsão. O paciente fica protegido de si mesmo. Após esse período, que pode durar de uma semana a quinze dias - tempo suficiente para expulsar as substâncias do organismo e afastar a compulsão fisiológica - estaríamos retardando o estado psicológico e social do dependente, por falta de contato com a realidade.

É precisamente neste ponto que a imersão terapêutica se torna imprescindível. Ao término da internação ou desintoxicação ambulatorial, o que se buscará agora é a recuperação emocional, mental e espiritual do dependente. Ora, não se pode buscar essas questões em um ambiente de internação. Por mais humanizado que seja é sempre um ambiente "pesado" que deve ser deixado o quanto antes, tão logo o dependente se recobre de suas capacidades funcionais.

Porém, não termina aí. Após esse período de (re)encontro consigo mesmo, com sua saúde integral, haverá uma necessidade premente e absoluta de frequentar um grupo terapêutico para manutenção e aprimoramento de tudo aquilo que aprendeu e absorveu durante as duas primeiras fases. Por um período de pelo menos seis meses ele deve frequentar esse grupo sem se ausentar. É nessa terceira e última fase que ele realmente estará fazendo sua reinserção social e dando por completo seu tratamento, e não no término de uma internação. Pois, veja que é necessário que o dependente esteja em contato com sua realidade concreta ao fazer sua reinserção. 

Portanto, devemos considerar três etapas, ou fases, dentro de uma recuperação que seja realmente completa, abrangente e integral. E mais do que tudo, traga resultados efetivos. A primeira etapa cuidará fundamentalmente dos aspectos fisiológicos e comportamentais (SD), a segunda etapa essencialmente dos aspectos emocionais, mentais e espirituais (SE), e a terceira etapa especialmente dos aspectos culturais e sociais (IE e ID), embora, em todas as etapas todos os aspectos sejam trabalhados de alguma forma.
 
Esse é o Modelo Integral aplicado em sua inteireza num processo de tratamento para dependência de substâncias. Um dos modelos mais aclamados e sofisticados de que dispomos hoje para trabalhar questões que exijam um pensamento mais complexo e aprofundado para a resolução de problemas.
                               
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